quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Useless

Quando lhe falam nisso fica cheia de nojo. Uma repulsa que surge na forma de lágrimas e raiva. O discurso torna-se subitamente fluido e político sem aquela necessidade de racionalizar. No fundo é simples... Se tivesse que dize-lo numa entrevista de televisão ia sentir-se estúpida, sem argumentos, acrítica como às vezes acontece quando fala com o seu tutor. Sabe que sabe do que fala. E é mais simples quando não há crítica nem julgamentos.
O que lhe falta realmente é a capacidade de tomar decisões. Rápidas. Qual Castorp deixa que os anos deslizem. Encontra um interesse, estuda-o e abandandona-o. Sobre ele aprendeu mais do que a maioria mas nunca o suficiente para ser especialista. Por isso se desinteressa - não faz sentido substituir-se às multidões que se papagueiam até à náusea. Consumiram-se mais algumas semanas. Formam-se pequenos objectivos transitórios e as metas sucessivas de meia de dúzia de dias multiplicam-se em meses infindos e nebulosos.
Por isso o nojo é uma forma de repulsa contra si própria, sente-se responsável e com razão. O que a impede? A fome? O frio? A morte? Não. O tédio. A pior forma de inutilidade.

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