domingo, 27 de maio de 2012

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Muitas vezes se via confrontada com pequenos fragamentos do seu passado. Naquele fim de tarde passou um que é taxista. Sabia-se que transportava as prostitutas daquele prédio de pequenos apartamentos até aos seus locais de trabalho e que, no final da noite, as trazia em segurança. Este homem gostava muito dele, discutiam futebol e o taxista, casado com a senhora morena que fumava demais, defendia as cores do Benfica.

Nesse tempo, quando se cruzavam todos, cumprimentavam-se e, por delicadeza, quando se encontrava com ela, repetia o sorriso. Agora, quando se cruza com ela, não se lembra. Ou finge não se lembrar. Ou também lhe parece a ele ter encontrado um pequeno farrapo de um tempo distante qualquer. Ela pensa, quando estas dimensões se encontram, que perdeu algo. Não tem a certeza de se reconhecer no presente que é.