Julgo lembrar-me dessas outras vidas e sei-as. Sei que existiram, sei que as vivi mas começam a ser apenas um registo racional.
Leio-as e emociono-me. Como é que podemos emocionarmo-nos verdadeiramente se já não sentimos o que subjaz aquelas palavras? Porque afinal de contas o sentimento persiste silencioso ou porque não nos lembramos absolutamente de nada? Choramos a história comovente de outrem, as palavras elegantes, as personagens torturadas.
A vida doia-me, as palavras doiam-me, sentia profundamente, vivia portanto. E depois.. depois de muitos e patéticos passos em falso, desejei não inspirar os ar tão fundo nos pulmões. Usar de uma respiração leve, suficiente. Evitar as feridas latejantes.
Mas a identidade perdeu-se, juntamente com as feridas, com ar frio, com as horas perdidas, as palavras escritas, as declarações de amor. Fica esta banalidade sem rasgo, a cordialidade, o caráter, a correção.